A Arte do Incômodo

Por Luiz Marfuz

Três palavras caracterizam a trajetória de Amanda na Escola de Teatro:  ousadia, determinação e sociabilidade. Ousada nas propostas, sempre quer ultrapassar limites; determinada, defende com ardor suas propostas; e, tudo isto, com uma enorme capacidade de agregar pessoas e equipes. Talentos especiais que devem fazer parte da formação de qualquer diretor.

O encenador é alguém que agrega, lidera, move pessoas, convoca vontades. E para fazer seu espetáculo, Amanda não agiu de outro modo. Para construir sua visão particular de Salomé, cercou-se de colegas, artistas, técnicos e profissionais de diversas áreas, liderando uma imensa equipe para transformar seu sonho num ato coletivo.

Mesclando signos de diversas culturas e referências estéticas, Amanda constrói seu caminho poético do espetáculo num espaço de tensões. E nos entrega uma Salomé marcada pelo encanto e pelo desespero, pelo horror e pela beleza, mas sempre tocada pela magia da transgressão. Uma sagrada profanação, que faz de nós, espectadores, os convivas de um banquete teatral inusitado.

Que cada um leve a bebida e a comida que o espetáculo gentilmente nos oferece. Depois, poderemos sonhar ou ter pesadelos; não importa, dá no mesmo. Ambos podem nos incomodar. E esta é uma das funções certeiras do teatro ao longo dos tempos: a arte do incômodo. O Orientador da montagem de formatura: Luiz Marfuz

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Luiz Marfuz é diretor teatral, doutor em Artes Cênicas e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA. Dramaturgo, arte-educador, dirigiu dentre outros espetáculos “Comédia do Fim” (2003) , “Só” (2002) - ambos com textos de Samuel Beckett, “Mãe Coragem”, de Bertolt Brecht (98), “Cuida Bem de Mim” (96), co-autor com Filinto Coelho. Atualmente está montando no Núcleo do TCA a peça teatral "Policarpo Quaresma", texto de Marcos Barbosa inspirado no romance de Lima Barreto.

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