“A idéia que não envolve perigo não chega a ser idéia”

por Ráiden Coelho, diretor musical

Ráiden Coelho Recebi o convite de Amanda para fazer a direção musical de Salomé com muita alegria; tanto pela completa identificação com a estética apresentada quanto pelo privilégio de trabalhar com uma equipe tão competente! E essa competência, que vejo nos olhos de cada um, nos gestos, nas próprias declarações de dúvidas e incertezas e acertos, me lançaram a um primeiro e imperioso desafio: como realizar uma trilha original para um texto de Oscar Wilde, numa encenação de Amanda Maia? “Rock, Ráiden, eu quero muito rock’n roll”, vivia me falando essa figura ímpar, com seus olhos de feiticeira...O desafio, no entanto, reside justamente no meu desejo de não ser óbvio. A obviedade não é um atributo nem de Maia, nem de Wilde, nem meu.

Metal e Seda. Foi a partir dessa textura que tentei traduzir em sons as loucas imagens de duas mentes perversas; a minha e a de Maia. A primeira etapa do processo de criação foi eleger um riff. A uma estrutura de organização de notas que nos remete à música árabe, executada por instrumentos acústicos, somaria efeitos e programações eletrônicas. A segunda foi selecionar os músicos-comparsas. Se eu não tivesse ao meu lado Ângelo Santiago, Diogo Reyes, Humberto Barretto, Martin Reyes, amigos-irmãos co-responsáveis por essa realização, minhas perigosas idéias não passariam de meras intenções. Mas, como disse Wilde: “A idéia que não envolve perigo não chega a ser idéia.” Muito obrigado a todos e espero que vocês divirtam-se tanto quanto eu!

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